Tal como outras abordagens terapêuticas ou fenómenos psicológicos, a hipnose também é estudada na sua complexidade. As Escalas de Susceptibilidade Hipnótica de Stanford, concebidas no final da década de 50 na Universidade de Stanford, são utilizadas para determinar até que ponto um indivíduo responde à hipnose e qual a profundidade do seu estado hipnótico.
Consistem em 12 diferentes actividades, tais como sentir o braço levantado baixar involuntariamente, deixar de ter olfacto, tentar afastar os dedos entrelaçados ou ter a alucinação de ouvir uma mosca a zumbir. No primeiro exemplo, os indivíduos são sugestionados a acreditar que estão a segurar uma bola muito pesada e são considerados bons sujeitos hipnóticos se o seu braço se curva sob o peso imaginado. No segundo caso, as pessoas são induzidas a pensar que não têm o sentido do olfacto, e um frasco de amónia é agitado sob o seu nariz. Se não apresentarem reacção, são consideradas muito sugestionáveis.
As escalas de Stanford variam de zero, para indivíduos que não respondem a nenhuma das sugestões hipnóticas, a 12, para aqueles que são sensíveis a todas. A maioria das pessoas alcança a pontuação média (entre 5 e 7) e 95% da população obtém uma pontuação acima de 1.
Interessante também referir que nos estudos efectuados ninguém adivinhou com precisão o quão sugestionável seria, antes de se submeter aos testes: os que pensaram ser muito sugestionáveis mostraram-se precariamente hipnotizáveis, enquanto outros, que se julgavam casos difíceis, ficaram surpresos ao ver o braço baixar, cedendo à sugestão ou ao sentir a boca tão fechada que não podiam dizer o próprio nome.
Poucas são as pessoas que atingem o nível máximo de hipnotizabilidade e que apreciam a última actividade das escalas – a amnésia pós-hipnótica. Nesse exercício, o hipnotizador pede ao indivíduo para não se lembrar do que ocorreu durante a sessão.
Em geral, a experiência hipnótica é muito menos misteriosa do que se espera, sendo comum sentir-se menos hipnotizado em alguns momentos da sessão do que noutros, como se viesse à “superfície” por alguns instantes e, depois, “mergulhasse” novamente.
A capacidade de uma pessoa responder à hipnose é bastante estável durante a vida adulta e também permanece coerente apesar das características do hipnotizador: o género, a idade e a experiência deste têm pouco ou nenhum efeito na capacidade de um indivíduo ser hipnotizado. Da mesma forma, o sucesso não depende da motivação ou da vontade da pessoa. Um indivíduo muito susceptível será hipnotizado mesmo sob uma variedade de condições experimentais e terapêuticas, ao passo que uma pessoa menos susceptível não o será, apesar dos seus esforços. Atitudes e expectativas negativas podem, no entanto, interferir na hipnose.
Outros estudos também demonstraram que a capacidade de ser hipnotizado não está relacionada com outras características pessoais como a credulidade, a confiança, a agressividade, a submissão ou a imaginação. Nem os indivíduos mais sugestionáveis são mais sensíveis do que os outros a influências sociais ou a pressões do meio. Por outro lado, ser susceptível à hipnose parece estar relacionado com a capacidade de uma pessoa em se concentrar em actividades como ler, ouvir música ou sonhar acordado. Um outro dado interessante refere que a grande capacidade de uma pessoa ser hipnotizada sem esforço poderia, em parte, ser determinada pela morfologia cerebral.
Acresce que este tipo de exercícios são raramente realizados numa consulta terapêutica, visto não ser importante determinar a susceptibilidade de um indivíduo à hipnose para se prosseguir com o tratamento.
Baseado nas experiências de Michael R. Nash e Grant Benham