Setembro 19, 2016

Terapia conjugal com procura crescente, até por casais de namorados

by Sofia Ferreira in Terapia

Cada vez mais portugueses recorrem à terapia de casal como forma de tentar evitar o divórcio e há já também casais de namorados à procura de ajuda especializada para “prevenir” problemas futuros.

Em 12 anos, o número de terapeutas familiares em Portugal multiplicou-se por cinco, segundo dados da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, que conta actualmente com 271 terapeutas. O primeiro curso português de terapia familiar surgiu em 1981, mas foi só na última década que se começou a acentuar a tendência de uma procura específica para a terapia conjugal, segundo contou à agência Lusa a presidente da Sociedade, Elisabete Ferreira.

“Aquilo que se tem observado actualmente na clínica privada é que os pedidos são muito mais frequentes de intervenção com casal do que para terapia familiar”, corrobora Natália Colaço, terapeuta há mais de 25 anos.

Muitas vezes acontece também que há processos que começam por ser de apoio aos filhos e acabam por se tornar numa intervenção de apoio ao casal.

Os casais dirigem-se aos terapeutas quando sentem que precisam de ajuda externa e técnica para poder sair dos impasses e dos conflitos vivenciados.

“Cada vez mais aparecem casais jovens, com poucos anos de casamento a pedir terapia de casal”, nota a presidente da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, para quem as fases de namoro actuais são muito curtas e dão pouca margem à planificação, à construção da identidade de casal.

Há já também, embora com menor frequência, pedidos de casais de namorados que não vivem juntos mas que sentem necessidade de reavaliar a sua relação.

“Não são capazes de se separar, nem de viver uma relação estável e pedem ajuda até num sentido preventivo”, relata a terapeuta Natália Colaço.

Outro tipo de clientes da terapia são os casais na fase do “ninho vazio”, que, após os filhos já saíram de casa, se deparam com a dificuldade de voltar a viver bem só os dois.

Tanto mulheres como homens não se coíbem em pedir ajuda, apesar de o fazerem em situações distintas: elas dão o primeiro passo nas situações de desgaste e conflito; eles fazem apelos de apoio urgentes numa situação iminente de ruptura.

As duas terapeutas garantem que quando se começa a trabalhar um casal o objectivo nunca é juntá-los nem separá-los.

“A terapia é um processo de conversação com o casal no sentido de levantar questões que aumentem a informação que têm sobre eles próprios. Mas muito trabalho de terapia é feito em casa, mais do que no consultório”, diz Natália Colaço.

No fundo, o terapeuta ajuda na “mudança de lente”, na forma como cada um olha para o outro e para o projecto do casal, reforça Elisabete Ferreira.

Nem sempre a terapia desemboca no ideal de final feliz, mas a partir daí é possível fazer-se a terapia de divórcio.

“No fundo é ajudar as pessoas a separarem-se bem, com o mínimo sofrimento e de danos possíveis. É uma terapia feita em conjunto e que é muito comum quando há filhos, no sentido de proteger as crianças”, referem as terapeutas.

Cem anos depois da primeira lei do divórcio em Portugal, a taxa de casamentos dissolvidos aumenta a cada ano. Só em 2009 houve mais de 26 mil separações, o que dá uma média de 72 divórcios por dia.

Fonte: http://sic.sapo.pt/online/noticias/vida/Terapia+conjugal+com+procura+crescente.htm